quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O Quadrado dos Devires ( 6 )



         

        6. SOBRE A AMIZADE
Pensar o conceito de amigo nos parece algo descomplicado. Ele é simples, é de se tocar ou de se lamber; é um conceito que não nos esburaca ou nos desativa ao procurá-lo. E se a amizade começa com um estranhamento, talvez seja por ela se desdobrar sobre seus próprios eixos, queremos dizer: ela só se mantém de pé por si mesma, por quem a possibilita. Mas que "estranhamento" é este? Esta é toda a nossa percepção? Nada disso.
Como Foucault outro dia nos disse, o amigo abre "resistências criativas", isto é, a amizade como inauguração das proponências, do inventar, do desafiar, da reinação, enfim, da parceria.
Ao contornar o conceito de amigo, nos deparamos com o que quiçá tenha sido o nosso primeiro reconhecimento das multiplicidades: saber que alguém gosta de muitas das coisas que também gostamos. O estranhamento consiste nisso. "Esquisita tanta coincidência, não?" 

A partir daí começa uma espécie de jogo dialético, desta empatia nasce a concordância da atraente sedução, o bom papo regado a petiscos.  E também as aporias conflitantes. Assim se dá o reposicionar das ideias. A política, a estética, a embriaguez. O que vier na contra-mão do tédio cético será traçado.  Um pouco desta atividade nos fará bem. Acreditem!
O jogo, os jogos, a ideia, as ideias: são as proponências maiores, são as circunstâncias e ao mesmo tempo as consequências, ou melhor, o doce da amizade. Nesses espaços acontece a inversão da mesa alta (a mesa do papai...) para a grama gostosa, amistosa.  

Um comentário:

  1. Comendo pastel no recreio da aula, Nastasi? Sabe que eu também fazia isso! Eis aí do que falávamos, "as proponências maiores"...
    Um abraço!

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