domingo, 2 de setembro de 2012

Areia











Poema de Ana Borm, 
Leandro Acácio 
 e Sérgio Lima Nastasi 
Setembro 2012


Sinto-me como um rosto de areia
Com os olhos muito negros
E a boca tão obscura
Que a secura e o esfarelar
De um ser ao sol onde me deito
Já são como uma candeia
Que ninguém pode descansar
Seu granulado peito

Por isso espraio-me ao vento
Na espreita de um estado

Seja ele um corpo lento  

Seja ele desalmado

E quando canto um sentimento

É simplesmente por cantar

Tenho a mão no parapeito

Tenho a voz pousada ao mar

Procuro a resposta no silêncio da alma
Refiro-me ao vazio não preenchido

Entretanto no peito, que já não acalma

Faço-me forte com a alta maré

Ainda canto enquanto deito

Ainda espero enquanto creio

É simplesmente por acreditar

Que minhas dores levo ao mar