sábado, 5 de janeiro de 2013

Não há perdão aos que pensam demais


                                                               Leandro Acácio e Sérgio L . Nastasi - janeiro 2013

                                            
                                          

Pensar é por vezes delito
tão pesado quanto um monólito
quando não é voz fina suave
é um estrugido dum grito
que soa como voa uma ave
e dança como gira o peão

Pensar é por vezes são
mas não é coisa de santo
nem todo olho é de lince
e eu, como a esfinge,
espero tanto

Se eu penso o deserto me torno areia
e as dunas:
esquecidas pedras de antigas sereias

Se eu sonho e não desperto,
transformo vigas e colunas
para suprimir a realidade
desprovida de plumas

Meu peito é uma caverna
de batidas rupestres
o tambor é o tempo
e a cor da miragem

Imagino paisagens em derredor
faço uma grande esfera
hoje nem conto aniversários
que dirá a idade da Terra

Sou eu esse fóssil
essa forma em mim escondida
o que não dura nas Horas
é a carne que vai sendo comida
é luz da veloz digestão
de todas as palavras escritas
penduradas num mesmo cordão
cordel das imagens aladas

Não há perdão aos que pensam demais
logo merecem outra sentença

Bendita sois entre os pensadores: Safo
poeta da ilha de Lesbos
antes que outra me convença


3 comentários:

  1. Muito bom menino Sérgio. Gostei de tudo, cada palavra, cada verso, estou insatisfeita e por tanto quero mais.

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  2. Grande poeta, esse Sergio. Abraço, camarada! Marcos Euzebio

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