domingo, 20 de maio de 2012

A improvisar rapinamente

 
 
não sentimos o tempo
por via alguma ou todavia
mais sério que a coruja
mavioso mais que a cotovia

antes que surja a coruja
que suja capôs de carros
antes que lhe encha de escarros
o velho cara de coruja

antes que a dita cuja corja
acorde os novos ditadores
antes de ver tudo de novo
imitemos do pescoço a coruja

fazendo inveja a muita gente
se não vir que veja de repente
uma ave que assovia
a improvisar rapinamente

no princípio era a frase
as palavras já eram sabidas
hoje improvisamos quartetos
logo serão completos sonetos

não invejamos Petrarca
muito menos Camões
nem queremos deixar as marcas
no mogno dos caixões


(Leandro Acácio e Sérgio L. Nastasi - Maio 2012)

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Quase íntimos



      

      Atravesso a madrugada contigo
            como quem rasga uma folha

         vamos assim a cruzar solidões

                        com olhares distintos

                              
                               vamos aos poucos
devagar, mas apressados
                          instintos, sensações

somos uns tantos
um
       dentro
                   da madrugada
                                            do outro

    com as mãos longe                                                  mas perto da folha
                                   e escrevemos
                                  quase íntimos