segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Cioran, o Terrível!


Há algum tempo, um livro tem me tirado o fôlego, e isso  desde o seu título: Do inconveniente de ter nascido, do filósofo romeno Emil CIORAN. Sua maneira aforismática de escrever recorda Nietzsche, bem como uma certa letra furiosa que parece ter sido impressa com toda a força no papel. Letras terríveis! Assuntos terríveis como os de Schopenhauer. Mas por que terríveis? O que há de terrível na existência? Diria Cioran: a própria existência...

Abaixo, alguns dos aforismos que abrem aquele livro, em sua tradução espanhola:


"¿Con qué derecho os ponéis a rezar por mí? No tengo necesidad de intercesores, me las arreglaré solo. De un miserable, tal vez lo aceptaría: de nadie más, aunque se tratara de un santo. No tolero que se preocupen por mi salvación. Si le temo y le huyo, qué indiscretas resultan entonces vuestras plegarias. Dirigidlas a otra parte, de todas formas no estamos al servicio de los mismos dioses. Si los míos son impotentes, no hay razón para creer que los vuestros lo sean menos. Y aun suponiendo que sean tal y como los imagináis, todavía les faltaría el poder de curarme de un horror más viejo que mi memoria."

"El verdadero contacto entre los seres sólo se establece en la presencia muda, en la aparente no–comunicación, en el intercambio misterioso y sin palabras que se asemeja a la plegaria interior."

"Lo que sé a los sesenta años, ya lo sabía a los veinte. Cuarenta años de un largo, superfluo trabajo de comprobación."


"El pensamiento no es nunca inocente. Porque es implacable, porque es agresión, nos ayuda a romper nuestras trabas. Si se suprimiera lo que entraña de maldad, e incluso de demoníaco, habría que renunciar también al concepto de liberación."



CIORAN, Emil. Del inconveniente de haber nacido. Madrid, Taurus, 1998. Tradução: Esther Seligson, pp. 11-8.




Um comentário:

  1. Muito maravilhosa a esta concepção, do silêncio produtivo do existir. Acho que no nosso caso de uma filosofia da comunicação com a sua intersecção no pensamento existencialista, ou ao mínimo nietzscheano das concepções cíclicas da existência, temos permanecido travados como bem disse Cioran na comunicação verbal, falada, dos burburinhos do dia-a-dia e falar sem ser ouvido, ouvir sem ser falado. Enfim várias concepções, vários pensamentos e nada de integração, e nada de comunicação e muito menos o entendimento, da qual o Pierry Levý entende que a comunicação rompe espaços, rompe temporalidades e é antes de tudo o entendimento, que se baseia na comunicação e não ao inverso, como pensam os marxistas, o objetivo se faz-se antes mesmo das teorias, das teses. Uma visão naturalista da filosofia?

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