sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O Quadrado dos Devires ( 5 )



                5. SOBRE O DESPICHADOR 
        “Pau no cu do despichador” é uma frase que nos dá força... Impossível não se emocionar, sentir a abertura proponente (aquela que tanto falamos) dessa afirmação. Se fôssemos falar de ética — tema demasiadamente chato, e, diga-se de passagem, que encobre sujeiras enormes —, falaríamos dela em menos de cinco minutos, numa cambalhota. Aquilo que as velhotas repetem até hoje, esta nova geração assimila em terabytes. 
        O despichador seria aquele que quer apagar o rastro. O rastro é exatamente o duplo do homem, onde ele mesmo percebe suas medidas e reflete suas proporções, enfim, reflete. Apagar esse rastro é uma função objetiva, de interesses poderosos traçando trópicos e meridianos na história, elegendo o que fica e o que não. 



       Seria prudente nos perguntarem o que queremos fazer desta vida miserável antes da reza. Sobre este piso gelado nossos pés estão calçados. Todo discurso em busca dessa liberdade é uma grande borracha apagando rabiscos caóticos. Os ordinários precisam ser emocionados pelo falo erecto do Priapo sacana, seu urro da curra será animal. Não sobrará razão, nem a comida será racionada, todos poderão repetir três vezes, até enjoar, em retornos e ritornelos. Onde a família com sua bondade cristã não terá na cabeceira da mesa o lugar do papai salivante. 



       O rastro do pensar criativo e todos os outros agenciamentos do experimentar são deitados sobre uma mesa onde o prato principal desse jantar nos lembra uma sopa insossa. As funções programáticas das gentes engravatadas, de valor e juízos obscuros, forçam os processos de criação e lhes impõem medidas, parâmetros uni-formais, porque o Uni é tido como seguro. E sabemos dos problemas dos Universais...




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