Para Penélope Martins.
Será que Julinha vai se enredar num lençol molhado que a tia pôs na bacia? Não, não. Nada disso... Ela só vai passar a língua na beirada da bacia e sentir o gosto do alumínio.
"Menina!!!".
"Ué! Não pode, não?".
"Onde já se viu? Aí tem cloro e alvejante e amaciante e cândida e dínamo e detergente e tudo!".
Julinha não se conformou com isso, raptou a cesta de pregadores e saiu a colocá-los entre os vasos de samambaias que não vingavam.
"Para já de alvoroço, moleca!".
Com os pregadores verdes, Julinha fazia cri-cri e repetia os nomes com que tinha batizado uns grilos. Aos amarelos, as lagartixas. Aos azuis, as drosófilas. Será que não ficavam com ciúmes? Achava que não, ora: já tinha cinco primos com o mesmo nome! Quatro Carlos de sete anos e mais a prima Carla que, para Julinha, era um Carlos também.
"Mas, tia, o que é drosófila?".
"É aquela mosca que entrou na sua boca ontem e está a zunir desde a hora que você acordou!".