Ando que ando que ando
Vou assim solto versando
Tem gente que lê a Pessoa
Antes de ler o Fernando
e eu na prosódia do tempo
vou meu verso cantando
vou sem onde não sei quando
Tem gente que quer a mensagem
coragem pra vida moral
outros preferem a imagem
que negue o bem e negue o mal
Há quem escandalize as letras
fazendo escansões exaustivas
Mas há quem deslize por elas
sabendo que são vivas
Há os que as fazem de muletas
Outros que as querem: coração
mas como podem ser essas letras
coisas vãs de sentido vão
Por trás de Álvaro, Ricardo e Caeiro
musas de si mesmo
querem ver as almas ocultas
querem algum desespero
a nossa frente a vida a esmo
pelo tempo perseguida
a nossa nuca atenta ao preço
de passar despercebida
na boca do leitor a mudez
que o nosso poeta inventa
a letra sem vestido: nudez
a folha que não mais aguenta
A letra é um passado irreversível
a imagem sem o véu já foi mostrada
cabe agora ao leitor irresistível
transverter em sua a imagem dada
(Sérgio L. Nastasi e Leandro Acácio - Agosto 2011)
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