segunda-feira, 8 de agosto de 2011

PESSOA, Fernando.


Ando que ando que ando
Vou assim solto versando

Tem gente que lê a Pessoa
Antes de ler o Fernando

e eu na prosódia do tempo
vou meu verso cantando 

qual velho caramujo dentro
vou sem onde não sei quando

Tem gente que quer a mensagem
coragem pra vida moral
outros preferem a imagem

que negue o bem e negue o mal

Há quem escandalize as letras
fazendo escansões exaustivas
Mas há quem deslize por elas
sabendo que são vivas

Há os que as fazem de muletas
Outros que as querem: coração
mas como podem ser essas letras
coisas vãs de sentido vão

Por trás de Álvaro, Ricardo e Caeiro
musas de si mesmo
querem ver as almas ocultas
querem algum desespero

a nossa frente a vida a esmo
pelo tempo perseguida
a nossa nuca atenta ao preço
de passar despercebida

na boca do leitor a mudez
que o nosso poeta inventa
a letra sem vestido: nudez
a folha que não mais aguenta

A letra é um passado irreversível
a imagem sem o véu já foi mostrada
cabe agora ao leitor irresistível
transverter em sua a imagem dada


(Sérgio L. Nastasi e Leandro Acácio - Agosto 2011)


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