domingo, 9 de janeiro de 2011

O Quadrado dos Devires ( 7 )




7. O GATILHO E O ALARME-FALSO

Os gatilhos também podem ser alarmes-falsos, mas eles têm a virtude, ou o compromisso, de dar à escrita um brilho singular. Assim como o espetáculo da poética abrolha pela sensação, o da escrita técnica acontece quando as partículas do texto se conectam ao composto da delicadeza do não-técnico, aquele que ainda se ocultava nas trevas de tantas palavras duras. Ora, isto quer dizer, com todas as letras, que talvez seja "sábio" abrir clarões em parágrafos truncados com períodos mais breves, com palavras leves e até mesmo irresponsáveis, mas que conseguem precisar com tanta vitalidade alguma ideia que seu "exato" conceito, de tão velho, jamais atingiu.
 

O Instantâneo talvez fuja de condicionamentos excessivos; não é necessário procurá-lo, porém é preciso construí-lo com diversas fórmulas. O emocionar consiste nisso. Essas fórmulas são livres e trazem universos possíveis. Por aqui cairemos novamente no campo das condições e possibilidades, o que será evitado pelo gatilho. O que é isso? O gatilho não é o assunto, é o que faz nascer o assunto, entretanto, podemos nos confundir nesse sentido da mesma maneira que uma mulher facilmente pode se enganar quando pensava estar grávida: alarme-falso... O gatilho é virtual.






É dele que saem o fio cintilante (aquele que "abrilhanta" o que se vai escrever) e alguma coisa misteriosa (aquela que nunca se sabe...). É por ele que escrevemos sem saber o que colocaremos nas próximas linhas, logo depois daquela vírgula e, principalmente, ou fatalmente, o que virá a seguir após desenharmos um ponto sobre outro ( : ). 

2 comentários: