sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Alguém guardou meu guarda-chuva ontem?

O guarda-chuva é um objeto curioso, ele não é somente um conjunto de hastes ligadas num eixo, aliás, muito pelo contrário... Assim como os óculos me parecem ser olhos a mais, o guarda-chuva é quase um braço-plus, mas não chega a ser um (como também a lente não consegue ser um olho): ele precisa de um braço, da mão que bem aconchegue sua alça e, sobretudo, de uma cabeça para ser resguardada. 

O sábio manejo de um paraguas é essencial. Uma leve inclinação de seu condutor à direita poderá causar um excessivo ou irritante gotejamento no ombro esquerdo, por exemplo.  
 
Os guarda-chuvas pretos, a saber, são morcegos, principalmente quando estão pendurados num galho de árvore à noite. Ficam ali daquela maneira, quase sem se mexer, entreabertos e ensopados. Às vezes as costas ficam um pouco úmidas; as calças podem trazer um e outro respingos, mas o grande perigo, enfim, de se usar guarda-chuvas ingenuamente aparece nos pés: completamente encharcados! 

Um comentário:

  1. Há algo de Cortázar, aqui. Ou de Murilo Rubião. Ou de Bachelard. Tive pena dos tristes morcegos ensopados.
    Abs!

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