segunda-feira, 30 de abril de 2012

Heras



 no canto da boca escorrem
línguas macias se mordem
em noites longas
esfregam-se
voluptuosas palavras
de carne morna
:
cócegas no céu
fulguras de precipício
mantos suaves
encanto de víboras
gotas de paixão
e as pontas dos dedos
tamborilar
infindo na cabeceira
o aroma de alfazema
e uma nota alta
moreno, cravo,
ao pecado do açúcar
- contaminam-se pescoços eriçados
corpos compostos
raminhos de ervas estendidas
na justa trama de substantivos
abraços apertados
por toda parte
vagueiam almas, adjetivos se devoram,
olhos reviram, imploram todos os verbos

transbordam,
transbordam...

na saboneteira
uma poça azulzinha
alimenta
sílaba por sílaba
trova ofegante
vacila que vacila
a língua
na língua
multiplicando cordões de heras


Penélope Martins e Sérgio Lima Nastasi 
Abril 2012


Oficina de escrita criativa para adultos




O curso da história é ininterrupto e cada personagem a reescreve de maneira única...
 
A oficina de escrita criativa tem a intenção de trabalhar a capacidade de expressão escrita. 
A presença do interlocutor na sala não se dá como professor de conteúdo; apresentam-se propostas aptas para desafiar a criatividade e a capacidade de abstração para que os participantes liberem suas linguagens autênticas. Atingir o imaginário é o objetivo; a forma da narrativa é elaborada posteriormente.

A leitura conjunta, o compartilhar de idéias, a observação da arte, a percepção da melodia e da beleza são buscas da exploração na escrita. É preciso eliminar os filtros restritivos que impedem fluir o processo criativo antes de estruturar a comunicação.

Vale salientar que o uso da palavra fomenta a leitura e o manuseio de outras linguagens. A oficina de escrita desperta o leitor, o crítico, o pensador livre.

Não se trata de um projeto para formar escritores, trata-se de integrar a expressão escrita ao cotidiano de maneira natural, espontânea e úti l para  diversas atividades.

O material de apoio é diversificado para englobar vários olhares sobre mesmas vivências. Pode ser utilizado um texto de mitologia, um livro de literatura infantil , um artigo de filosofia, uma canção de amor ou um rap. O que importa é permitir olhar a pluralidade que forma cada ser humano, aproximando a escrita  das vivências e dos afetos.  

Penélope Martins convida à leitura das colunas que publica periodicamente no Jornal ABCDMaior indicando leitura para crianças e fomentando vínculos afetivos com o hábito de ler - http://www.abcdmaior.com.br/noticia_exibir.php?noticia=40330; contos e crônicas na revista pastilhascoloridas.com, toda sexta-feira, realçando o sabor da vida nos relacionamentos humanos - http://www.pastilhascoloridas.com/2012/04/azeite-e-alecrim-chocolate.html.

 

 Data: 19 de maio de 2012
 Horário: 13h às 18:30h
 Investimento: R$ 120,00

Local: CLIA Clínica de Psicologia

Vitória Régia, 1095 - Bairro Campestre
                Santo André – São Paulo

Inscrições:  4424-1284/ 2598-0732 –  Renata

Vagas limitadas
                         

Será uma tarde de exercícios de expressão escrita e reconhecimento literário com indiscutível crescimento de afetos nas relações humanas. Venha participar!


domingo, 29 de abril de 2012

Poema à trois


Maria, Sérgio
o amor nos confunde
não em relação ao sexo
mas sim àquilo que funde
quem nos confundiria
Leandro, Maria,
o amor nos trança
assim, em poesia,
quem não trançaria
trança, quem não sabe
quem não conhece
mas bem poderia.
nessa onda de vento
não há saber no pensamento
mas quem saberia?
saber
só quem se arriscaria
na trança
no vento
ou na poesia.
versar,
pois assusta um canto lento.
Ao vento versar,
pois quem cantaria?
não nos basta saber que o amor é brisa
é mito
queremos beber da fonte
onde o verso é cantado aos gritos .
na apnéia de sentidos
sinestesia em vão
o que se sente são só os gritos
e os ecos que aí estão.
Mnemósine que nos leve,
mesmo não sendo a panaceia,
que entre pelos ouvidos
um verso breve da Odisseia.
não sei se surdo escuto essas cores
que vivas parecem dormindo
salvo em nossas retinas
salvo na mente zunindo
mas por hora só me lembro Telêmaco
Penélope e Argos latindo


(Maria Bianchini, Leandro Acácio e Sérgio Nastasi - Abril 2012) 

domingo, 22 de abril de 2012

A palavra cansa


 
A palavra cansa
Faz arder um olho
Protegido ou não
Por uma lente

A palavra trança
Um caderno e outro
Espiral na mão
Feito corrente

A palavra também dança
Sarapintada ao todo

A palavra grita, espirra
E entre pulmões é latente


(Sérgio L. Nastasi - Abril 2012)

sábado, 14 de abril de 2012

John Burnet: De Tales a Platão

BURNET, J. De Tales a Platão (eng). 
John BURNET - este senhor ao lado - foi um filólogo escocês (1863-1928). Dentre suas pesquisas mais importantes estão as obras "A aurora da Filosofia grega" e o livro "Greek Philosophy: Thales To Plato", texto que deixo abaixo para leitura e download.                                                                                                     

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Pouco tempo para a poesia



Pouco tempo para a poesia:
diagnosticar a própria afasia
os dias e os trabalhos sem calma
correria, 
correria.


Há quanto tempo não fazia
mesmo com roer do estômago:
diagnosticar uma forte azia
um rasgo na boca do esôfago,
gritaria, 
gritaria,
meio-dia e um ponto.


Sérgio L. Nastasi - Abril 2012

segunda-feira, 2 de abril de 2012

A Tragédia Grega - Os slides para a aula