quarta-feira, 29 de junho de 2011

E o Guattari?...



De modo algum podemos dizer que Félix Guattari (d) cumpre um papel coadjuvante na obra que escreveu com Gilles Deleuze (e).

Nas rápidas páginas de As três ecologias (Les trois écologies), publicado no Brasil pela editora Papirus com tradução de Maria C. Bittencourt, podemos perceber que Guattari assinala a importância de uma subjetividade que não para de nascer, que nunca cessa em seu processo de construção, que jamais se endurece...


Leia um fragmento:


Fazer emergir outros mundos diferentes daquele da pura informação abstrata; engendrar Universos de referência e Territórios existenciais, onde a singularidade e a finitude sejam levadas em conta pela lógica multivalente das ecologias mentais e pelo princípio de Eros de grupo da ecologia social e afrontar o face a face vertiginoso com o Cosmos para submetê-lo a uma vida possível — tais são as vias embaralhadas da tripla visão ecológica. Uma ecosofia de um tipo novo, ao mesmo tempo prática e especulativa, ético-política e estética, deve a meu ver substituir as antigas formas de engajamento religioso, político, associativo... Ela não será nem uma disciplina de recolhimento na interioridade, nem uma simples renovação das antigas formas de "militantismo". Tratar-se-á antes de movimento de múltiplas faces dando lugar a instâncias e dispositivos ao mesmo tempo analíticos e produtores de subjetividade. Subjetividade tanto individual quanto coletiva, transbordando por todos os lados as circunscrições individuais, "egoisadas", enclausuradas em identificações, e abrindo-se em todas as direções: do lado do socius, mas também dos Phylum maquínicos, dos Universos de referência técnico-científicos, dos mundos estéticos, e ainda do lado de novas apreensões "pré-pessoais" do tempo, do corpo, do sexo... Subjetividade da ressingularização capaz de receber cara-a-cara o encontro com a finitude sob a forma do desejo, da dor, da morte...


Você pode baixar o livro ao clicar na capa:

Um comentário:

  1. Muito boa sua postagem, meu caro.
    Concordo que Guattari não é apenas uma sombra à obra de Deleuze; ele é muito mais que isso!
    A cada dia está mais sagaz nas investigações filosóficas. Tenho certeza que sua arguição no final do ano será inesquecível...

    Abraço,

    E.B.

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