Dá para ser mais vivo longe dos cum-quibus que rolam pelo estômago. Mais vivo talvez queira dizer menos parado, estacado, e somente isso. Mas não chega a ser a prazerosa sonolência que por ora nos deixa inativos, pelo contrário, ela nos entorpece, nos embriaga, afinal. Assim o oposto de mais vivo nunca será menos morto, pois dessa equação resultará o mais-cansado. O que é isso? É outra coisa, outro lugar de expressão. Porque não é preciso enfiar na boca uma expressão e mastigá-la como uma corrente de bicicleta ou mesmo engoli-la com toda a força. Ela é sempre muito mais simples do que pensamos, aliás, qualquer coisa que dela se pense já dá no mesmo de ter permanecido impensado. Muito porque sabemos que “o simples” pode ser intuído, isto é, não remeter ao fluxo-filtro do entendimento. Ou seja, estamos indo bem!
Mas cada vírgula é um abismo, e é perigoso... Por isso nos parece muito bom sugerir que o travamento das ideias seja uma velhice solene de uma maneira de pensar, e que desta para outra não se faz mais com um pulo, ou com um salto de bailarina e sua intensidade juvenil, porém como os velhos: ir sentando, deitando, dormindo e, quem sabe, caindo. Nesta queda ou neste indomável desarranjo na cabeça nada se agita, apenas recua, está de ressaca. É como quando alguém pergunta O que significa isto? quando esta não é mais ou nunca foi a questão. O cansaço, enfim, é admirado e detestado ao mesmo tempo... É também o dia em que não se fala coisa com coisa, quando a clausura dos sistemas, aparelhos, dispositivos é colocada à prova, quando estes Prepúcios enrijecem o cérebro. O pensamento cansado pode despontar quando surge um elefante a passear sobre os conceitos. Dá para ser mais vivo. A nossa proponência: vamos celebrar o cansaço como o cair do caos para se agarrar a um chão inventado, isto é, dançar.